Chris standing up holding his daughter Elva

?A paralisação dos caminhoneiros autônomos foi mais um momento agudo de uma crise estrutural que vem se aprofundando há décadas em decorrência da falta de investimentos em infraestrutura e da ausência de uma política de desenvolvimento integrada, sistemática e de longo prazo.


No setor rodoviário, responsável por 61% do transporte de mercadorias e por mais de 90% da movimentação de passageiros, o atraso é de mais de 40 anos. Até hoje, apenas 12,3% do 1, 7 milhão de quilômetros de rodovias do país são pavimentados --sendo que, desses, 61,8% apresentam algum tipo de deficiência. Por causa das más condições das rodovias, o custo operacional do transporte sofre um acrescimento de 27%, em média.

A esse quadro somam-se a baixa densidade de ferrovias e o aproveitamento irrisório do potencial dos setores aquaviário e aéreo.

Nos últimos anos, investimentos públicos federais em infraestrutura de transporte vêm caindo. Depois de 2014, ano de desembolso, o setor recebeu R$ 15,8 bilhões. Em 2017 foram aplicados R$ 11,1 bilhões e, para este ano, a previsão é de apenas R$ 10,8 bilhões.

Nesse ritmo, o Brasil levará quase cem anos para alcançar uma infraestrutura mínima de transporte.
Para sair da eterna situação de crise em que todos perdem e o país não avança, o Brasil precisa realizar rápidos, constantes e fortes investimentos em infraestrutura de transporte.

O Plano CNT de Transporte e Logística, que construímos a título de contribuição para a elaboração de políticas públicas, indica que será preciso investir cerca de R$ 1 trilhão para expandir e a modernizar a matriz de transporte brasileira.

O investimento deve ser feito sob uma perspectiva multimodal e integrada: projetos de integração para escoar a produção e promover o desenvolvimento regional e projetos de mobilidade urbana para melhorar a qualidade de vida nas cidades.

Ao mesmo tempo o país terá que prosseguir na modernização do Estado, tendo como prioridade a reforma da Previdência e a reorganização do sistema tributário.

O Estado deve deixar de ser um empecilho e se tornar um facilitador do investimento privado no Brasil. Essa mesma visão deve reger a gestão de empresas estratégicas como a Petrobras, que jamais poderia adotar uma política de preços destrutiva como a que vem sendo praticada para o óleo diesel.

Só assim o Brasil terá condição de responder às inúmeras demandas para destravar a economia, voltar a crescer, gerar empregos.

Até outubro, mais uma vez, o Brasil terá a oportunidade de escolher o seu futuro. A dificuldade de superação da grande recessão dos últimos anos é um sinal inequívoco de que soluções paliativas só atrasam o pleno desenvolvimento do país.

Neste período eleitoral, a sociedade deve estar atenta aos programas de governo dos candidatos à Presidência da República e ao discurso dos postulantes a uma vaga no Parlamento.

Aqueles que se posicionarem claramente a favor de fortes investimentos em infraestrutura e da continuidade das reformas estarão mais qualificados para levar adiante um projeto de desenvolvimento nacional sustentável e de longo prazo. Só assim o Brasil deixará para trás as infinitas crises e entrará em um novo tempo de progresso, desenvolvimento econômico e paz social.

Clésio Andrade
Presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte)

Acesse aqui a versão no site da Folha de S. Paulo
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