O esgoto das grandes cidades pode ser uma fonte alternativa e mais sustentável de combustível para o transporte. Nessa segunda-feira (12), pela primeira vez na América Latina, um ônibus foi abastecido com o biometano oriundo do tratamento de esgoto. A ação ocorreu em Franca (SP), onde a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) vem produzindo, desde abril deste ano, biometano como combustível para veículos da frota da empresa.
A iniciativa é resultado de uma parceria da Sabesp com a Scania e com a Embaixada da Suécia e fez parte das Semanas de Inovação Suécia-Brasil, com o objetivo de chamar a atenção para o potencial do mercado do biogás nas cidades brasileiras. A Suécia foi pioneira no uso do biometano para abastecer a frota dos ônibus urbanos do país.
O projeto da Sabesp em Franca é o único com produção de biometano gerado a partir do tratamento de esgotos na América Latina. O biometano é a purificação do biogás, gerado a partir de dejetos, e leva esse nome devido à alta concentração de metano. Como sua matéria-prima é de origem orgânica e não fóssil (como ocorre com diesel e gasolina), tem mínima emissão de gases poluentes.
Na avaliação da Sabesp, há um potencial de aumento de escala da produção de biogás a partir do tratamento de esgotos. A ETE de Franca trata, em média, 500 litros por segundo e produz em torno de 2.500 Nm³ de biogás por dia, suficientes para substituir 1.500 litros de gasolina comum diariamente.
O modelo abastecido com o gás é da Scania e já é produzido no Brasil. Com capacidade para até 130 passageiros, ele pode ser abastecido tanto com biometano quanto com GNV (Gás Natural Veicular), ou com uma mistura dos dois. A montadora aposta nessas alternativas como as mais viáveis, no curto prazo, para reduzir os impactos ambientais do transporte.
Recentemente, a empresa anunciou a maior venda da sua história de ônibus urbanos que rodam exclusivamente com GNV e biometano: 481 ônibus serão comercializados para a Transmilênio, sistema de BRT (Bus Rapid Transit) de Bogotá, na Colômbia.