?Passado o momento mais crítico da crise econômica que abateu o país a partir de 2013, o setor transportador retoma projeções de crescimento. O otimismo é a tônica de 2019, segundo captou a Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador, da CNT. Para que as previsões se concretizem, um fator é indispensável: mais investimento público, sobretudo em infraestrutura.
Christian Goes, o diretor da Sambaíba Transportes Urbanos, dona de uma das maiores frotas de ônibus do país, confirma a mudança de cenário: “A gente já havia percebido esse otimismo, ainda mais depois da troca de governo. Tendo a população como termômetro, é natural entrar no clima. A gente não vai na contramão disso”.
O estudo da CNT verificou, ainda, que 61,9% acreditam que o ambiente de negócios estará mais favorável à atividade de sua empresa. Quando olha para a realidade da Sambaíba, Goes avalia que a prestação do serviço será aperfeiçoada em 2019, mas “a ideia não é necessariamente aumentar frota e, sim, o número de lugares ofertados. Isso significa, por exemplo, trocar três ônibus pequenos por dois grandes, com tecnologia superior e mais conforto para o passageiro”.
Com relação ao transporte rodoviário de passageiros, o problema da qualidade das rodovias é sentido como um obstáculo. “O governo está reestruturando as agências e, se for bem-feito, tem ganhos pela frente. Agora, isso é a médio e a longo prazos. Principalmente, porque a gente está falando de infraestrutura e nós somos carentes de infraestrutura”, reflete Florisvaldo Hudinik, presidente Princesa dos Campos, viação paranaense de passageiros.
Ele toca num ponto essencial levantado pela sondagem: para 83,2% dos transportadores rodoviários de passageiros, a malha pavimentada existente é regular, ruim ou péssima. Ademais, 74,9% disseram que a quantidade das rodovias é insuficiente. Muito negativos, esses dados haviam sido antecipados pelas Pesquisas CNT de Rodovias e não houve evolução. O estudo também confirma uma avaliação pior das rodovias sob gestão pública em comparação com as concedidas à iniciativa privada.
“Infelizmente, nossas rodovias não acompanharam a evolução das operadoras, principalmente no Norte e no Nordeste do país. As condições das rodovias ainda são um dos principais fatores de insegurança no transporte de passageiros”, diagnostica Paulo Porto Lima, diretor-executivo da Expresso Guanabara, tradicional empresa do setor sediada em Fortaleza (CE).
Apesar dessa ressalva, o modal segue firme na convicção de que 2019 será um ano excepcional (veja gráficos). Um fator que poderia atrapalhar o quadro de bonança é o preço do combustível. A Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2018 não descuidou desse tema e perguntou aos empresários. De fato, eles estão preocupados com eventuais “mexidas” na política de preço da Petrobras.
“A gente entente que vai haver um maior controle, não de preço, mas das políticas de aumento do diesel”, acredita Hudinik. “No ano passado, a gente sofreu muito com isso. Sendo esse um insumo tão importante, sua volatilidade gera um impacto grande e não há gestão que consiga amenizá-lo. Então acredito que eles terão cuidado com os reajustes. Sabemos que Petrobras tem de se manter equilibrada para os acionistas, mas há outros aspectos”, afirma.
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