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Mais da metade (54%) dos acidentes com vítimas nas rodovias federais, no ano passado, ocorreu em pistas simples de mão dupla. Esses episódios corresponderam a 71,4% das mortes registradas nas rodovias em 2017, segundo o estudo
“Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”, divulgado nessa segunda-feira (4) pela CNT (Confederação Nacional do Transporte). O trabalho relaciona as características da infraestrutura viária apresentadas na
Pesquisa CNT de Rodovias 2017 (estado geral, sinalização, pavimento e geometria da via) com a base de dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), considerando todos os acidentes com vítimas registrados em BRs no ano passado.
Nas vias de pista simples de mão dupla, o índice de mortes a cada 100 acidentes foi de 14,3 (duas vezes maior do que trechos de pista dupla com canteiro central). O levantamento demonstra que a gravidade das ocorrências nesse tipo de rodovia é maior do que quando a pista é dupla. Três situações são analisadas pela CNT: nos casos em que há canteiro central para separar os fluxos opostos de veículos, o índice é de 7,1 mortes/100 acidentes; quando há barreira, o índice é 5,7 mortes/100 acidentes; e se há faixa central que divide os sentidos, são 9,5 mortes/100 acidentes.
“Percebemos que a duplicação de rodovias e a implantação de dispositivos como canteiro central, barreira e faixa central são medidas extremante necessárias para a redução do número de mortes nas rodovias brasileiras. Somente por meio do investimento em infraestrutura, conseguiremos minimizar essas ocorrências”, ressalta o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
O tipo de pista, que é uma das características da geometria da via, é apenas um dos fatores que influenciam na ocorrência de acidentes e de mortes nas rodovias brasileiras. Outro grande problema é a falta de dispositivos de proteção contínua para contenção de veículos que colidem ao longo da via, as chamadas defensas ou guard-rails. Em 48,3% da extensão rodoviária avaliada, onde ocorreram acidentes com vítimas em 2017, identificou-se a necessidade de instalação desses dispositivos.
Outro dado que chama a atenção é que as vias onde os guard-rails são necessários, mas não foram instalados concentram 29,6% dos acidentes com vítimas e 40,7% dos óbitos. Além disso, o índice de mortes (14,6 óbitos por 100 acidentes) foi 97,3% maior do que nos trechos onde as defensas estavam presentes (7,4 óbitos por 100 acidentes).
O estudo mostra, ainda, que a maioria dos acidentes e das mortes, em acidentes com colisão frontal, nas rodovias federais ocorreram em trechos ondulados ou montanhosos que não possuíam faixa adicional ao longo de sua extensão. A gravidade também foi maior nos locais sem a faixa adicional de subida (47,5 mortes a cada 100 acidentes).
Geometria da via
O trabalho da Confederação revela que os acidentes ocorridos em trechos onde a geometria da via apresenta problemas (classificação regular, ruim ou péssimo) tiveram um índice de severidade de 11,4 mortos por 100 acidentes (15,6% maior), enquanto que, nos trechos avaliados positivamente (ótimo ou bom), esse índice foi menor, 9,9.
Além disso, embora os índices de acidentes por 10 km de extensão tenham sido maiores onde a geometria da via foi considerada ótima, a severidade (7,0 óbitos por 100 acidentes) foi 47,4% menor do que nos trechos de geometria da via péssima, onde a severidade foi de 13,3 óbitos por 100 acidentes.
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