Chris standing up holding his daughter Elva

Dados da Afeevas (Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissores Veiculares da América do Sul) apontam que há um déficit de 49% no uso de Arla 32, aditivo que diminui a emissão de poluentes em alguns veículos a diesel, no Brasil. A substância é indispensável para modelos equipados com a tecnologia SCR (catalisador de redução seletiva), que se tornou item de fábrica na maioria dos modelos pesados desde 2012. A substância deve ser injetada no sistema de escapamento, para tratar gases dos motores a diesel e reduzir as emissões de óxidos de nitrogênio, que são danosos à saúde humana.

Conforme o diretor-executivo da Afeevas, Elcio Farah, esse déficit decorre de fraudes praticadas “através da modificação dos sistemas dos veículos, e com uso de produtos não adequados, como Arla 32 feito caseiramente ou industrialmente de forma não correta, que não atende aos requisitos exigidos e nem tem certificação do Inmetro”.

Quem opta pelas alternativas irregulares, acredita que está economizando dinheiro. Se, por exemplo, o Arla não é utilizado em um caminhão equipado com o SCR, há perda de potência. Isso porque a tecnologia atua para diminuir a quantidade de poluentes emitidos pelo veículo. Então, alguns motoristas tentam burlar o sistema, para manter o desempenho do caminhão, ou adicionam soluções não certificadas no lugar do aditivo correto.

Mas os prejuízos tendem a ser bem maiores e muitos usuários ainda desconhecem esses danos. Adulterar o sistema instalado gera perda da garantia do caminhão. Já o uso de produtos inadequados compromete o veículo. “Cristais desse produto se depositam no catalisador por onde os gases passam, e vão obstruindo até bloquear a entrada do catalisador. Quando o sistema fica inoperante, tem que ser totalmente substituído, o que custa de R$ 10 mil a R$ 20 mil”, explica Farah. Além disso, há danos significativos para o meio ambiente e para a saúde pública: de acordo com a Afeevas, o déficit de 49% representa uma emissão 4,5 vezes maior de óxidos de nitrogênio.

Além disso, se o Arla 32 for utilizado corretamente, o desempenho do veículo melhora, compensando a despesa com o aditivo. “Com essa otimização, você consegue diminuir em 7% o consumo do diesel, porque são veículos que têm mais potência e aproveitam melhor o combustível. Isso paga o uso do Arla e ainda tem um resultado melhor, mais eficiente”, esclarece Elcio Farah.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) vêm realizando operações de fiscalização para combater as irregularidades.  O Ibama alerta que “a instalação de botões, chaves, sensores, softwares ou qualquer outro dispositivo que vise enganar o sistema de controle de emissões para a não utilização do Arla 32” caracteriza-se “ilícito ambiental, tanto para quem vende/executa a instalação como para o proprietário do veículo”. A multa, conforme o órgão, pode chegar a até R$ 50 milhões.

Aproximadamente 530 mil veículos a diesel estão equipados com o SCR, segundo cálculo da Afeevas.  


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