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O vice-presidente de Transporte Aquaviário, Ferroviário e Aéreo da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Meton Soares Júnior, foi homenageado pela Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviário) na última quinta-feira (29). O reconhecimento foi dado durante a cerimônia de entrega do Prêmio Antaq de Sustentabilidade Portuária, em Brasília, e se deve à contribuição dada por ele ao setor.

Meton se dedica ao transporte aquaviário há 60 anos. Ele iniciou na atividade aos 18 anos, ao fundar a Companhia de Navegação Marítima Netumar. Durante a solenidade, recordou que o setor, no Brasil, viveu anos de expansão a partir da década de 1960. Mas passou a atravessar dificuldades na década de 1990, com a mudança de políticas e regras do setor. Hoje, analisa que os desafios para recuperar um estágio de desenvolvimento competitivo internacionalmente são grandes. “Atravessamos um período difícil. Mas temos um longo caminho pela frente”, disse. (Leia, abaixo, a entrevista completa)

Durante o evento, o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, destacou a atuação do homenageado, em especial por sua contribuição junto à Confederação Nacional do Transporte. “É um grande exemplo de integridade e capacidade técnica”, ressaltou.

Adalberto Tokarski, diretor-geral da Antaq, salientou o apoio dado por Meton Soares Júnior à agência, nos dez anos da entidade. “É a nossa homenagem respeitosa a quem proporcionou avanços à navegação”, disse.

Entre 1959 e 1993, Meton Soares Júnior foi diretor-superintendente da Companhia de Navegação Marítima Netumar e diretor-executivo, entre 1995 e 1998, da Renave (Empresa Brasileira de Reparos Navais). Atualmente é consultor empresarial. Ele tem participação ativa como representante do setor de transporte aquaviário em diversos fóruns, simpósios, convenções, seminários, palestras, encontros de trabalhos, conferências e congressos, nacionais e internacionais.

Leia a entrevista concedida por Meton Soares Júnior à Agência CNT de Notícias

Que análise o senhor faz do desenvolvimento do transporte aquaviário brasileiro?

O Brasil, primeiramente, precisa se livrar da política que às vezes causa obstáculos para a própria estrutura da navegação. Quando você olha para trás, vai em 1967, você vê que houve uma política em que os dirigentes verificaram que o potencial das redes de exportação e importação do comércio brasileiro merecia uma Marinha Mercante. Abrimos os portos. O Brasil ocupou os espaços em muitos continentes. Tivemos um avanço fantástico na navegação. Quando chegou em 1991, no governo Fernando Collor, mudou completamente a estrutura. Acabou-se com as conferências de frete, que davam, inclusive, parte da carga brasileira a navios brasileiros. Você tinha navios brasileiros em todos os portos, obrigatoriamente. Até lá, tivemos um avanço na estrutura marítima brasileira fantástico. Mas a partir de 1991, isso foi acabando gradativamente. O potencial estrangeiro é maior que o nosso e isso deixou a frota brasileira em poucas condições de competir. E foi de tal maneira que hoje você olha e não vê um navio privado brasileiro transportando carga daqui para o exterior. Perdemos esse espaço.

O que pode ser feito para mudar esse cenário e promover uma participação maior das empresas brasileiras nesse mercado?

Hoje é difícil criar novamente as conferências de frete, fazer uma legislação que dê parte obrigatória de carga a navios brasileiros, para que todos possam voltar a investir. Primeiro: precisa dinheiro para investir, colocar navios que possam competir com o estrangeiro. A frota estrangeira é de tal forma forte que não há condições de competição, sem uma legislação que dê alguma proteção à bandeira brasileira. Mas como fazer isso num mundo globalizado? Esse é o problema.

Essa conjuntura também acabou deixando o Brasil mais defasado, em termos de tecnologia, legislação, formação de mão de obra?

Tudo isso. Quando se mexeu com a frota de bandeira brasileira e foram desaparecendo as empresas, gradativamente foi desaparecendo a indústria naval no Brasil. Hoje, se você falar de indústria naval, ainda se percebe algo de off shore. Tinha a Petrobras, que estava criando navios para ampliar sua estrutura. Mas veio tudo o que ocorreu recentemente sobre a empresa e ela praticamente parou. E parou de alimentar, também, o apoio marítimo, que era o forte da indústria naval no momento. Já a burocracia é algo que prejudica a todos, em qualquer lugar. Em vez de simplificar, facilitar a estrutura para trabalhar, se criam normas, obstáculos, e fica difícil. Navegação é algo que tem uma legislação muito específica, seja no trabalho marítimo, seja no portuário. Simplificar isso é fundamental para a navegação. Dá pena você ver a indústria naval cair da maneira que está, dá pena perder o espaço da bandeira brasileira no exterior, ver a cabotagem não se desenvolver da maneira que deveria. Então, há uma série de fatores.

Como acertar o rumo do setor?

Com uma boa estrutura de profissionais. Também é preciso apoio político e financeiro, senão não se faz nada. 
 

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