A CNT (Confederação Nacional do Transporte) realizou, nesta terça-feira (9), o 8º Fórum CNT de Debates na sede do Sistema Transporte, em Brasília (DF). Com o tema Mobilidade Urbana Sustentável, a discussão contou com a presença de autoridades de renome como o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco; o ministro das Cidades, Jader Filho; e a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciana Costa.
O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, iniciou o evento saudando os presentes e destacando o assunto dessa edição. Segundo ele, a mobilidade urbana é um tema recorrente para o desenvolvimento do país, especialmente com relação à necessidade de integração dos modais rodoviário e ferroviário.
“Temos que nos preocupar também com a transição energética. A CNT produz estudos que mostram o sucesso de diversas matrizes alternativas. Temos um potencial de geração de energia limpa imenso, graças à abundância da incidência solar e de ventos, o que nos dá uma vantagem significativa nesse segmento”, explicou Vander Costa.
Já o ministro das Cidades elencou algumas ações em desenvolvimento pela pasta para melhorar a mobilidade urbana. Um exemplo é a inauguração do BRT de Campinas, obra selecionada em 2012, mas que foi inaugurada apenas em 2024, sendo considerada uma conquista após tantos anos de espera pela população local.
“Como disse o presidente Vander, não existe uma solução única para o Brasil. Fazer a eletrificação dos ônibus em grandes rincões não é uma realidade tão próxima, mas pode funcionar em outros locais. O que temos trabalhado é para entender a complexidade das regiões do nosso país e, dessa forma, atuarmos da melhor maneira”, concluiu Jader Filho.
O presidente Rodrigo Pacheco foi o último a falar e dedicou-se a temas deliberados ou em análise pelo Congresso, como a desoneração da folha de pagamentos e o projeto de regularização de ativos. Ele enalteceu o trabalho de representação da CNT, classificado como “elogioso” pelo senador, diante da relevância de um setor considerado um pilar para o país.
“O governo brasileiro precisa participar com subsídios para o transporte para garantir que toda a população tenha acesso, a fim de que não fique refém das questões econômicas. Então nós estamos falando de investimentos em infraestrutura, de modicidade tarifária, de rapidez e de que se tenha um mínimo de conforto para se deslocar”, concluiu Pacheco.
O primeiro painel abordou os desafios para a implementação de uma mobilidade urbana sustentável. O consenso foi que existe a necessidade de se atuar em múltiplas frentes simultaneamente, desde a parte de infraestrutura de rodovias e ferrovias até as políticas públicas com subsídios e o acesso a financiamentos públicos ou privados.
A palestra foi conduzida pela diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa. Em sua fala, ela apresentou o atual cenário dos investimentos, bem como o papel do banco na contribuição para o desenvolvimento do setor de maneira sustentável, não somente sob o viés do meio ambiente, mas também sob o ponto de vista socioeconômico.
“Foi mais de R$ 1 trilhão investido no financiamento de Infraestrutura e energia pelo BNDES desde 2000. Desse total, mais de R$ 55 bilhões foram destinados a projetos de mobilidade urbana, com mais de 9,3 milhões de pessoas diretamente beneficiadas”, apresentou a diretora Luciana Costa.
Com mediação do empresário do Grupo Águia Branca Renan Chieppe, participaram do painel o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Transportes e Mobilidade (Consetram), Fábio Damasceno; o diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri; e o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) Sérgio Myssior.
Na segunda parte do Fórum, o enfoque se voltou para o transporte de passageiros, pautado com base no novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo. De ônibus a trens e metrôs, as conversas foram sobre a necessidade de integração entre os modais para assegurar a universalização do deslocamento.
O tema é fruto de um projeto de lei (PL), cuja tramitação legislativa se iniciou neste ano, após ser incorporado como substitutivo ao PL nº 3.278/2021 pelo relator, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB). É considerado estratégico porque impacta toda a cadeia de transporte de passageiros, com desdobramentos tanto para empresas quanto para o usuário.
Representando a Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, o palestrante Marcos Daniel Souza dos Santos trouxe um panorama sobre o marco legal, desde a sua concepção até o estágio atual, com destaques para o caráter essencial e indispensável ao desenvolvimento da população.
“Nosso objetivo é preservar os princípios de universalização de acesso, qualidade na prestação e disponibilidade para o usuário. Queremos que o texto aprovado mantenha as definições de ser uma rede única, integrada e intermodal, que é o propósito do TPC”, concluiu Marcos Daniel, diretor do Departamento de Regulação da Mobilidade e Trânsito Urbano.
Com a moderação do empresário Rubens Lessa, sócio da Saritur e presidente da Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Minas Gerais), participaram dos debates o presidente da CCR Mobilidade, Marcio Hannas; o diretor da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Marcos Bicalho; e o presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores.
Essa oitava edição do evento contou com o patrocínio do Grupo CCR e o apoio institucional do Estadão, do Consetram, da NTU e da ANPTrilhos. Todos esses parceiros demonstram a relevância do tema e a importância do Fórum CNT de Debates como um espaço de diálogo confiável para o transporte brasileiro.
Quem não assistiu presencialmente ou ao vivo pela internet pode ver a íntegra das discussões no canal da CNT no YouTube.
O evento contou com mais de 1.100 participantes, sendo 200 no modelo presencial e 900 de forma online.
A próxima edição do Fórum CNT de Debates deve ocorrer em 2025, com tema a ser definido.