No contexto do transporte marítimo, a descarbonização é uma peça-chave na agenda global de mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Levando em consideração esse compromisso, o 11º Encontro da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados) reuniu, nesta quinta-feira (24), em Brasília, lideranças do setor portuário e representantes dos setores público e privado para discutir a transição energética no transporte marítimo e seus impactos nos terminais brasileiros, uma vez que o setor responde por cerca de 3% das emissões globais, tornando essencial a adoção de práticas mais limpas, a fim de atingir as metas climáticas.
A abertura do evento foi conduzida pelo diretor-presidente da ATP, almirante Murillo Barbosa, e contou com a presença do diretor de Relações Institucionais da CNT, Valter Souza; da ministra em exercício do MPor (Ministério de Portos e Aeroportos), Mariana Pescatori; do diretor-geral da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Eduardo Nery; e do representante da Marinha, almirante Washington Luiz.
O diretor de Relações Institucionais da CNT informou que a Confederação está liderando estudos e desenvolvendo iniciativas de descarbonização. Além disso, reforçou a importância de agir de imediato: “A emissão de carbono precisa ser reduzida já, para o meio ambiente de hoje, e não apenas para o futuro de nossos netos. Colocamos à disposição nossos estudos e iniciativas para todas as entidades envolvidas no setor de transporte, pois precisamos trabalhar juntos para evoluir na logística e na descarbonização do país”, destacou o diretor.
Em sua fala, o almirante Murillo Barbosa destacou que os próximos três anos serão decisivos em relação à redução de emissão de GEE no transporte marítimo mundial. “É importante salientar também que, já a partir de 2027, entra em vigor uma penalidade sobre as emissões de GEE da navegação, a fim de promover a migração dos combustíveis fósseis para as alternativas energéticas rumo ao Net Zero-2050”, enfatizou.
Mariana Pescatori, ministra em exercício do MPor, reafirmou a importância da ATP, do evento e do tema para a agenda global no que se refere ao setor portuário. “De cada dez palestras para as quais sou convidada a fazer ou eventos de que participo, pelo menos nove são para tratar de descarbonização, transição energética, eventos extremos e adaptação do setor. Dessa forma, essa é mais uma boa oportunidade para discutir e calibrar as nossas políticas públicas dentro das expectativas do setor e do contexto internacional”, afirmou a ministra, que conduziu uma palestra magna.
Durante a abertura, foi formalizada a assinatura do ACT (Acordo de Cooperação Técnica) entre a ATP e o Ministério, reforçando a parceria para ações conjuntas em prol do desenvolvimento sustentável no setor.
Em seguida, uma mesa-redonda abordou as ameaças e oportunidades da transição energética para os portos brasileiros, moderada por Cristiane de Marsillac, CEO da MarSalgado Brasil. O debate contou com a participação de Miguel Garín Alemany, da Fundación Valenciaport; Danilo Veras, da Maersk; Flávia Takafashi, da Antaq; e Filipe Santana, do OCIMF, cada um trazendo perspectivas essenciais sobre experiências internacionais, regulação governamental e segurança no uso de novos combustíveis.
Ao final do evento, foi realizada a entrega do Prêmio ATP, primeiro do setor portuário que visa reconhecer as iniciativas, as ações ou os trabalhos que mereçam especial destaque no sistema portuário privado brasileiro.
Com o apoio institucional do Sistema Transporte, a ATP apresentou o Guia de Melhores Práticas de Sustentabilidade: A Estratégia ESG, estabelecendo algumas diretrizes para uma gestão sustentável no setor portuário. O Guia se posiciona como referência para portos públicos, terminais privados e demais agentes do ecossistema portuário, integrando as dimensões econômica, ambiental e social dentro do conceito ESG (Ambiental, Social e de Governança).
O conteúdo aborda desde o alinhamento das práticas às metas da Agenda 2030 da ONU até o mapeamento das regulamentações e certificações relevantes. Além disso, o documento propõe uma jornada de sustentabilidade voltada a públicos internos e externos, orientando ações colaborativas entre portos, cidades e seus stakeholders, reforçando a integração entre operação eficiente e responsabilidade socioambiental.
Baixe o Guia aqui.