Chris standing up holding his daughter Elva

A diretora executiva adjunta da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Fernanda Rezende, participou, nessa quarta-feira (11), de uma live conduzida pela especialista em Gestão, Liderança e Empresa Familiar Luana Fleck para apresentar os resultados da Pesquisa CNT Perfil Empresarial — Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros. Fernanda apresentou os desafios e as dificuldades que o setor enfrenta.

Entre os pontos destacados por Fernanda, estão os custos com os quais o setor precisa arcar por conta de fatores externos, como condições ruins de rodovias, falta de segurança pública e problemas com biodiesel.

Fernanda iniciou destacando que, em 2023, o segmento movimentou mais de 43 milhões de passageiros. Para ela, o dado evidencia a importância do transporte rodoviário interestadual na conectividade e mobilidade da população, oferecendo um serviço acessível e seguro.

Infraestrutura e custos operacionais

A diretora trouxe, como resultado da Pesquisa, feita com empresários do setor, a constatação de que muitas das dificuldades enfrentadas pelas empresas de transporte estão diretamente relacionadas a fatores externos. Entre os principais motivos para atrasos nas viagens, por exemplo, estão o congestionamento do tráfego, problemas de infraestrutura nas rodovias e acidentes no percurso. Ela explica que, frequentemente, essas questões geram atrasos, que se acumulam em outras linhas, já que é necessário retirar os veículos para manutenção ou limpeza, impactando toda a operação.

Além disso, Fernanda apontou que os custos operacionais das empresas são elevados. O combustível, que representa 33% dos custos, sofre influência direta da variação cambial, tornando o seu preço mais imprevisível. A mão de obra, que corresponde a 32% das despesas, é o segundo item de maior peso na composição do custeio da operação do transporte.

Ainda como resultado da Pesquisa, os transportadores indicaram que existem diversos fatores que sobrecarregam os custos das empresas, sendo os principais deles a manutenção dos veículos (reportada por 86,7% dos entrevistados), as ações trabalhistas (37,8%), os problemas nas vias (37,8%) e a formação de mão de obra (35,6%). Para Fernanda, por vezes, os fatores citados pelos empresários são relacionáveis, como é o caso das más condições das rodovias, que causam diversos danos, como o estouro de pneus, a quebra de suspensão e o desgaste nos freios. “Esses problemas são fruto de uma infraestrutura deficiente e influenciam diretamente a frequência da manutenção dos veículos e, consequentemente, o custo operacional das empresas”, ressalta.

Luana acrescentou que as condições das rodovias, além de aumentarem os custos de manutenção, comprometem a qualidade do transporte para os passageiros, resultando em atrasos e insatisfação.

Entre as reclamações mais frequentes recebidas pelas empresas, destacam-se os atrasos nas viagens e as más condições das rodovias. Para Fernanda, esses problemas, novamente, são reflexo de fatores externos. “Os empresários lidam com situações totalmente fora do controle deles”, conclui.

Falta de motoristas

A escassez de motoristas qualificados é outro dos grandes desafios enfrentados pelo segmento do transporte rodoviário. Segundo a diretora, mais de 55% das empresas relataram ter vagas abertas para motoristas; e 36% afirmaram ter mais de 15 vagas disponíveis, evidenciando a alta demanda por esses profissionais. “Isso mostra o quanto o setor precisa de motoristas para suprir suas operações”, pontuou.

Além disso, a Pesquisa revelou que 84% das empresas apontaram a função de motorista como a mais escassa em termos de mão de obra. Fernanda também enfatizou os entraves enfrentados na contratação: 56% das empresas relataram ter dificuldades de encontrar profissionais com experiência; enquanto 53% apontaram a falta de cursos ou treinamentos específicos para o transporte rodoviário de passageiros como um obstáculo.

Outro fator que agrava o problema é a concorrência entre as empresas, em um mercado já marcado pela carência de mão de obra. “Às vezes, uma empresa que oferece um salário ligeiramente melhor consegue atrair motoristas de outra empresa. Essa situação foi mencionada por 40% das empresas participantes da Pesquisa. Esses dados reforçam a necessidade de investir em programas de capacitação e qualificação para motoristas, visando atender à crescente demanda e fortalecer o setor de transporte como um todo”, explicou Fernanda.

Biodiesel

As empresas do setor de transporte têm demonstrado crescente preocupação com a sustentabilidade. Dados mostram que 71% monitoram o uso de combustível, 69% acompanham o consumo de água, 62% verificam a energia elétrica e 60% observam a geração de resíduos. Essas ações indicam um movimento significativo em direção a práticas mais responsáveis.

No entanto, a implementação obrigatória de um percentual maior de biodiesel no diesel convencional tem gerado reclamações. Segundo a diretora, 48% das empresas relataram problemas relacionados ao biodiesel. “Quase 82% das empresas enfrentaram aumento na frequência de troca de filtros, 63% notaram falhas no sistema de injeção e 36% observaram maior consumo de combustível por quilômetro rodado”, elucidou.

Embora o biodiesel seja um biocombustível, Fernanda destacou que ele apresenta menor eficiência energética em comparação com o diesel convencional. “Quando analisamos as consequências de sua utilização, percebemos que, em alguns casos, ele acaba não sendo tão benéfico ao meio ambiente quanto se imagina”, completou.

Gestão de riscos

A Pesquisa também revelou dados preocupantes sobre sinistros de trânsito enfrentados pelas empresas em 2023. Segundo os resultados, 71% das empresas relataram envolvimento em acidentes; enquanto 29% registraram incêndios, 24% enfrentaram problemas com assaltos e 18% relataram depredações.

Fernanda chamou a atenção para o número de depredações. “Embora o percentual seja relativamente pequeno, 37,5% das empresas que sofreram depredações registraram mais de 50 ações desse tipo. É um número muito elevado, causado por fatores externos que acabam impactando a segurança dos passageiros e aumentando os custos para os transportadores”, explicou.

Além dos sinistros, as empresas apontaram, como principais dificuldades para a operação, a alta carga tributária (77,8%), o preço elevado do diesel (77,8%) e a burocracia para operar e prestar serviços (37,8%). Esses fatores representam desafios significativos para o setor e reforçam a necessidade de medidas que reduzam os custos operacionais e aumentem a eficiência no transporte rodoviário de passageiros.

Modernização

A modernização, por outro lado, segue forte: 95,6% das empresas oferecem vendas online; e 86,7% dos passageiros utilizam esse meio para comprar os bilhetes. De acordo com Luana, a possibilidade de comprar passagens online foi uma revolução no segmento e traz muitas vantagens para os passageiros. “Adquirir o bilhete diretamente no site das empresas é a melhor forma de comprar, porque não há taxas de conveniência, como muitos sites costumam cobrar. Além disso, as empresas oferecem programas de fidelidade e outros benefícios para os clientes”, completa.

Painel

Os resultados do levantamento também estão disponíveis no Painel da Pesquisa CNT Perfil Empresarial – Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros. A ferramenta permite selecionar filtros e, assim, dar acesso ao perfil empresarial agregado do segmento e a informações específicas do setor. As informações individuais estarão disponíveis apenas às empresas participantes da iniciativa e servem para a comparação em relação ao próprio ramo de negócio.

Acesse a íntegra da Pesquisa CNT Perfil Empresarial.

CNT - Confederação Nacional do Transporte

SAUS Q.1 - Bloco J - Entradas 10 e 20
Ed. Clésio Andrade - CEP: 70070-944 - Brasília - DF
Fale Conosco: (61) 2196 5700

©2023 - Confederação Nacional do Transporte