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A Alemanha deseja fortalecer as relações comerciais e tecnológicas com o Brasil a fim de explorar as oportunidades de colaboração entre os segmentos do transporte ferroviário de ambos os países. Com esse objetivo, o Ministério Alemão de Assuntos Econômicos e Ação Climática e a Associação da Indústria Ferroviária Alemã promoveram, nesta semana, no Brasil, uma missão internacional. 

Depois de visitar empresas em São Paulo (SP) com as quais realizou rodadas de reuniões, a delegação alemã esteve em Brasília, na sede do Sistema Transporte, nessa quarta-feira (12), para conhecer mais a fundo o cenário brasileiro. A diretora executiva adjunta da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Fernanda Rezende, recebeu os oito empresários germânicos, além de representantes do Governo Federal e de associações vinculadas à entidade. 

“Por ser a casa do transporte, nada mais apropriado do que realizar um encontro como esse na CNT, para tratar de temas relevantes ao fortalecimento desse modal”, disse. A diretora também destacou o fato de a Missão possibilitar a identificação de experiências exitosas relacionadas ao sistema ferroviário, um dos mais extensos e sofisticados da Europa. Nesse sentido, ela citou os trens de alta velocidade que conectam as principais cidades germânicas e os de rotas regionais que atendem às áreas menos populosas.

O diretor-presidente da ANTF (Associação Nacional dos Transportes Ferroviários), Davi Barreto, por sua vez, afirmou que o Brasil precisa enfrentar desafios importantes, como a adoção de estratégias de políticas públicas, a fim de aumentar a participação ferroviária na matriz de transporte. Aos empresários alemães ele mostrou que, desde o início das concessões, em 1996, os investimentos privados cresceram ao ritmo de 11,4% ao ano, totalizando cerca de R$ 170 bilhões. “Ou seja, o setor privado vem investindo de forma intensa, mas, sozinho, ele não consegue”, explicou. 

Além de reforçar a importância de mais investimento público e de um marco regulatório que atraia a iniciativa privada, o presidente do Conselho Administrativo da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, abordou outras questões que, para ele, destravariam e fortaleceriam o transporte ferroviário no Brasil. “Como ocorre nas grandes cidades do mundo, o Brasil deveria criar uma autoridade metropolitana para planejar o segmento como um todo. Deveria, também, melhorar a regulamentação e criar uma política nacional para os passageiros dos serviços ferroviários”, concluiu.

Cenário otimista

Já o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Rafael Vitale Rodrigues, afirmou que o cenário brasileiro é promissor, já que o país possui corredores de exportação e importação bastante consolidados e eficientes sob o ponto de vista da segurança e da eficiência do transporte de cargas. Segundo ele, o Brasil busca ampliar a quantidade e o tipo de carga transportada nas ferrovias brasileiras. “Para isso acontecer, a gente precisa trazer a logística para dentro da ferrovia. O objetivo estratégico do país é atingir 40% de transporte feito por trilhos. Hoje, isso está na casa dos 20%”, afirmou.

Entre os esforços de ampliação da malha ferroviária, Vitale disse que novos trechos estão sendo construídos por parceiros privados por meio das autorizações ferroviárias. “As novas concessões e as autorizações vão cobrir um pouco desse gap de oferta.”

Para concluir, o diretor-geral da ANTT mencionou os esforços para a retomada do transporte de passageiros sob trilhos no transporte regional ou no de longa distância. "Esse é um desafio; e nós estamos cada vez mais próximos disso acontecer. Isso vai vir por meio de uma política concreta do Ministério dos Transportes, que deve ser lançada agora, em julho, e vai trazer as diretrizes gerais.”

Reforçando o otimismo de Vitale, o secretário nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Cezar Ribeiro, enalteceu o fato de o Governo Federal ter criado, pela primeira vez, uma secretaria dedicada ao segmento. “A participação das ferrovias na matriz de transporte está saindo de 17% para 35%. Em 2021, o Congresso Nacional aprovou o novo marco legal no setor. Então, hoje, nós temos possibilidades de atrair investimentos privados não só por meio de concessões, mas, também, pelas autorizações”.

Ainda segundo ele, existem normas que permitem a devolução de malhas ferroviárias que estão com a capacidade operacional ociosa ou de ferrovias abandonadas. “Nós estamos desenhando políticas públicas para que tenhamos uma destinação dessa infraestrutura para novos operadores e para um novo mercado”, finalizou o secretário.

Atuação das empresas alemãs

No encerramento do encontro, os empresários alemães apresentaram tecnologias e soluções, bem como a manutenção e construção de ferrovias, fabricação de locomotivas e vagões, entre outros. Também disponibilizaram informações relevantes sobre o setor e os seus projetos no Brasil.

Por fim, o conselheiro econômico da Embaixada da Alemanha no Brasil, Benjamin George, enalteceu a forte relação entre os dois países. “Atualmente, temos cerca de 1,2 mil empresas alemãs no Brasil e adoraríamos ter mais, já que isso faz parte da nossa estratégia de diversificação. Agradeço aos organizadores desta Missão, que nos deram a chance de melhor entendermos o setor ferroviário brasileiro”.

O próximo destino da Missão Comercial da Alemanha será a capital mineira, Belo Horizonte (MG).

Também participaram da reunião o gerente executivo de Desenvolvimento do Transporte da CNT, Tiago Veras, que apresentou as áreas de atuação da Entidade para o fortalecimento do setor no Brasil, e o diretor de empreendimentos da Infra S.A., André Ludolfo.

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