Para debater os principais temas relacionados as estratégias ESG (meio ambiente, responsabilidade social e governança) no transporte de cargas, de passageiros, logística e mobilidade, o Fórum Transporte Sustentável teve início nessa quinta-feira (8), em continuidade à programação da Feira Lat.Bus, no Expo São Paulo.
ESG na mobilidade urbana e no transporte de passageiros foi o tema do painel que contou com a participação da diretora executiva adjunta da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Fernanda Rezende. Na ocasião, ela enfatizou que as empresas de transporte já adotam critérios ambientais, sociais e de governança antes mesmo das exigências praticadas atualmente, pois sofrem pressões de diversos níveis.
No âmbito da governança, por exemplo, no que diz respeito às empresas familiares, a diretora citou os dados da última Pesquisa CNT Perfil Empresarial: Transporte Rodoviário Urbano de Passageiros. “Algumas empresas preferem não estar com a gerência focada em membros da família; 29% das empresas já têm em cargos de alto gestão profissionais terceirizados, ou seja, gestores do mercado; e 9% já terceirizaram toda a administração das empresas”, destacou.
Em contrapartida, a diretora explicou como as empresas convivem com riscos iminentes, apontados na Análise de Grandes Riscos do Setor de Transporte, da série Transporte & Desenvolvimento. O estudo elaborado, pela CNT, analisou 29 grandes riscos que podem impactar o setor de transporte e logística no país, divididos em seis categorias: ambiental, ambiente de negócios, econômica, geopolítica, social e tecnológica. Foram ouvidos os membros de instituições de representação do setor.
Fernanda Rezende chamou atenção para a questão da natureza social. Segundo ela, o perfil dos trabalhadores do setor está diretamente ligado à escassez de mão de obra qualificada. “O setor gera mais de 2,6 milhões de empregos diretos, mas quando observamos a faixa etária e o gênero, percebemos que os trabalhadores estão envelhecendo. Além disso, 82% são do público masculino. No Sistema Transporte, trabalhamos para incorporar as mulheres ao setor”, ponderou.
O painel foi mediado pelo presidente da IBTS (Instituto Brasileiro de Transporte Sustentável), Márcio D'Agosto, e contou com a participação do vice-presidente da ANTTUR (Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento), Emerson Imbronizio; do diretor executivo da NTU, Francisco A. N. Christovam; da conselheira da Abrati, Leticia Pineschi Kitagawa, e do diretor de Operações Comerciais Mercado Interno e Marketing, Ricardo Portolan.
Ao citar a série da CNT Energia no Transporte, que aborda informações técnicas e ambientais sobre fontes energéticas alternativas, tecnologias mais limpas e práticas sustentáveis no setor, Fernanda Rezende destacou os resultados do programa Despoluir ao longo dos seus 17 anos de existência. “Uma das linhas de atuação, a Avaliação Veicular Ambiental, já realizou mais de 4 milhões de aferições e atendeu mais de 55 mil transportadoras em todo o Brasil”. Outra linha mencionada pela diretora foi a Avaliação da Qualidade do Diesel, que envolve 10 federações, mais de 250 empresas atendidas e 1.620 avaliações.
“Para conseguirmos implantar a sigla ESG efetivamente, sendo que já nos preocupamos com o tema antes mesmo de se tornar popular e mandatório, tem que ser colaborativo. Nesse sentido, os próximos passos são regulamentação, investimento e ação conjunta”, concluiu.
Ainda sobre o tema do painel, a diretora da CNT aproveitou a oportunidade para citar o Fórum ITL de Inovação do Transporte “ESG: o futuro das empresas do transporte”. O evento acontece dia 09 de outubro, em Brasília (DF), e prevê a participação de empresários dos diversos modais com apresentação dos seus casos de sucesso.