Fomentar e valorizar o protagonismo feminino na atividade transportadora foi o foco do evento Mulheres no Transporte – Trajetórias que Inspiram, realizado nesta quarta-feira (7), na sede do Sistema Transporte, em Brasília (DF). O encontro reuniu empresárias, gestoras, especialistas e lideranças femininas para compartilhar experiências, estimular parcerias estratégicas e engajar organizações na promoção de maior equidade no setor.

A programação teve início com uma mesa de abertura predominantemente feminina. O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, fez uma saudação e destacou a expressiva participação das mulheres nas instituições que compõem o Sistema. Atualmente, elas representam 57% do total de colaboradores da CNT, SEST SENAT e ITL, ocupando 55% dos cargos de alta liderança.

“No Sistema Transporte, as mulheres têm ocupado os principais postos com competência. O que fizemos? Quebramos barreiras e permitimos que elas crescessem por seus próprios méritos”, afirmou Vander Costa.

A diretora executiva interina da CNT, Fernanda Rezende, reforçou a importância de criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e consciente das especificidades femininas: “É essencial termos apoio no ambiente profissional para que possamos nos fortalecer mutuamente. Falar sobre nossos desafios e sobre como superá-los nos ajuda a mostrar que somos tão capazes quanto os homens – ou até mais”, declarou.

Por meio de vídeo, a diretora executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, apresentou o novo projeto da instituição voltado à inclusão de mulheres no setor: o videocast “Nós, Elas & Todo Mundo (no transporte e em qualquer lugar)”. “Vamos produzir uma série de episódios com personalidades do transporte e lideranças femininas para inspirar jovens a entrarem no setor e, especialmente, mulheres a buscarem cargos de liderança”, explicou.

Idealizadora do evento, a diretora adjunta do ITL (Instituto de Transporte e Logística), Eliana Costa, encerrou a abertura agradecendo a presença das participantes e deixando uma mensagem de inspiração e resistência: “Lembrem-se: vocês podem, vocês conseguem. Não aceitem o 'não' como resposta. Foi assim que construí minha trajetória. A diversidade fortalece as organizações e gera melhores resultados. Precisamos unir forças para transformar nossas empresas e o país. Hoje vivemos em uma sociedade desigual — e é nossa missão enfrentar isso.”

Relatos inspiradores

A programação incluiu a roda de diálogo Mulheres que inspiram e transformam, que contou com a participação de Sandra Costa, cofundadora e presidente do Conselho de Administração do Grupo Sabin, e de Tânia Reis, vice-presidente do BRICS WBA (Women Business Alliance), com mediação de Eliana Costa.


Sandra Costa compartilhou sua trajetória marcada por inovação, coragem e compromisso com a inclusão. Ela relembrou o início do Sabin Medicina Diagnóstica, fundado em 1984, em Brasília, ao lado da sócia Janete Vaz. Juntas, enfrentaram riscos, barreiras econômicas e os desafios ainda impostos às mulheres no ambiente empresarial.


A empresária destacou o crescimento da empresa, que hoje emprega cerca de 7 mil colaboradores em 15 estados brasileiros, sendo a maioria mulheres. “Somos uma empresa de alma feminina, com um olhar forte, sensível e empático para os desafios enfrentados pelas mulheres. Criamos políticas que garantam qualidade de vida pessoal e oportunidades reais de crescimento profissional”, afirmou.

Tânia Reis também compartilhou sua jornada, desde suas origens no interior de Minas Gerais até se tornar uma liderança global no comércio exterior. Ela ressaltou a importância do networking entre mulheres, da proatividade e da ousadia como ferramentas para abrir caminhos e gerar novas oportunidades. “A liderança exige flexibilidade, atenção e resiliência. Por isso eu digo: tenha sempre um plano A, B e C. Juntas, somos mais fortes como empreendedoras, líderes e cidadãs do mundo”, concluiu.

Na sequência, a pesquisadora e cofundadora da Todas Group, Dhafyni Mendes, apresentou a atuação da plataforma voltada ao desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres. O trabalho tem foco na promoção da equidade de gênero no ambiente corporativo por meio de programas estruturados, que incluem mentorias, formações e conteúdos especializados.

“Quanto mais mulheres temos na liderança como referência, mais caminhos abrimos para que outras sigam. Eu não sei quais são os desafios de cada uma, mas tenho convicção de que vocês não precisam enfrentá-los sozinhas. Estamos aqui para apoiar cada etapa do seu crescimento”, afirmou.

Representatividade no transporte

A segunda roda de diálogo, Protagonismo feminino no setor de Transporte, reuniu lideranças de empresas, agências reguladoras e entidades representativas do setor, que compartilharam suas trajetórias e visões sobre o futuro da participação feminina na atividade transportadora.

Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), relembrou um ponto de virada em sua carreira: a decisão de deixar a empresa da família para buscar novos espaços. Com 29 anos de experiência no setor, ela destacou os desafios de atuar em ambientes masculinos e a solidão enfrentada por muitas mulheres em cargos de liderança. Criadora do movimento “Vez e Voz”, no SETCESP, defende o fortalecimento da presença feminina por meio de iniciativas estruturadas e educativas.

Ana Patrizia Gonçalves Lira, diretora executiva da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), também compartilhou sua trajetória, que começou aos 22 anos na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), onde se tornou a primeira mulher a ocupar a diretoria de uma agência reguladora. Ela disse ter orgulho de ter aberto caminhos para outras mulheres e defendeu políticas que fortaleçam a atuação feminina nas operações de transporte.

Daniele Azevedo de Souza Capobiango, presidente executiva da Fenaval (Federação Nacional das Empresas de Transporte de Valores) e da ABTV (Associação Brasileira de Transporte de Valores), homenageou sua mãe, Regina, como grande inspiração. Advogada e especialista em negociações coletivas, ela reforçou a importância de fazer escolhas conscientes e de construir redes de apoio entre mulheres para sustentar a jornada rumo à liderança.

A CEO da Viação Águia Branca, Paula Barcellos, destacou iniciativas internas para valorização das mulheres, incluindo ações afirmativas voltadas a mulheres negras. Defendeu uma liderança mais empática e afetiva, em contraponto aos modelos masculinos tradicionais, e apontou a necessidade de programas de alta gestão com uma abordagem mais humanizada.

Roberta Marchesi, presidente executiva da Anav (Associação Nacional das Empresas de Aluguel de Veículos e Gestão de Frotas), compartilhou sua experiência ao iniciar a carreira em uma empresa de engenharia. Mãe jovem, conciliou maternidade com trabalho e reforçou que as mulheres têm plena capacidade de liderar com excelência. “É preciso sonhar alto e estudar sempre para se manter segura e representar bem quem confia em você”, afirmou.

Encerrando a roda de diálogo, Marcella Cunha, diretora-presidente da Abol (Associação Brasileira de Operadores Logísticos), parabenizou as colegas pela contribuição à construção de uma gestão mais qualificada no setor. Compartilhou os desafios enfrentados pelo machismo no início de sua trajetória e celebrou os avanços em direção a um ambiente mais inclusivo. “Ainda há muito a ser feito, mas acredito no poder de olhar com mais sensibilidade para as mulheres e promover ações que respeitem suas especificidades”, finalizou.

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