Como aproveitar, de forma estratégica, os avanços da IA (inteligência artificial), considerando os desafios locais e globais? Como liderar a transformação digital diante das incertezas e pressões do ambiente tecnológico?

Essas foram algumas das questões centrais debatidas na manhã dessa segunda-feira (17), durante o Executive Program - Transformando o Transporte, evento promovido pelo SEST SENAT em parceria com a Singularity University. O encontro reúne mais de 80 lideranças do setor para uma imersão de três dias em inovação, IA e novas tecnologias aplicadas ao transporte e segue até essa quarta-feira (19), em Embu das Artes (SP).

O impacto estratégico da IA no transporte

As atividades do dia (17) começaram com a palestra "Aplicações práticas de IA para países em desenvolvimento", ministrada pelo especialista Ashley Anthony, referência global em inteligência artificial e otimização de processos. Com experiência na implementação de soluções tecnológicas em mercados emergentes, como a África do Sul, Anthony destacou como a falta de estratégia na gestão de dados pode comprometer investimentos e gerar desperdícios no setor de transporte.

"É difícil prever o futuro, mas uma coisa não muda: a busca do cliente por um serviço mais eficiente, acessível e de qualidade. A tecnologia deve ser utilizada para atingir esse objetivo e, ao mesmo tempo, liberar tempo para que possamos nos concentrar no que realmente importa", afirmou.

Para o especialista, a transformação digital só acontece na prática. Ele ressaltou que as empresas precisam superar o receio do erro e testar novas abordagens tecnológicas. "A única forma de ganhar experiência com IA é aplicando-a no mundo real. No entanto, é essencial considerar o impacto dessas tecnologias na vida das pessoas e na cultura organizacional", pontuou.

Neurociência e transformação digital: como a liderança pode lidar com a incerteza

"Vivemos tempos desafiadores. Mas, assim como novas tecnologias estão resolvendo problemas estruturais, também contamos com ferramentas mais avançadas para compreender o ser humano. A neurociência nos convida a essa reflexão em meio à transformação digital." A afirmação é da neurocientista Carla Tieppo, CEO da Ilumne Consultoria, que abordou a vivência exponencial durante sua participação no Executive Program.

Ela destacou que sentimentos como medo e ansiedade são cada vez mais presentes na sociedade moderna, impulsionados pela incerteza sobre o futuro e pela velocidade das mudanças tecnológicas. Para ilustrar esse impacto, ela comparou a percepção de mundo de um jovem de 25 anos em 1980 com a de um jovem da mesma idade hoje. "É cada vez mais comum encontrar pessoas apreensivas. Explorar as habilidades humanas é essencial para amenizar essas incertezas", contextualizou.

Tecnologia e o papel da conexão humana

Apesar dos desafios, a neurocientista ressaltou os benefícios que as inovações tecnológicas trouxeram para a humanidade, especialmente na área da saúde. Segundo ela, ao analisar a transformação digital, é fundamental reconhecer que a tecnologia pode ter um impacto positivo na vida das pessoas quando utilizada de forma estratégica e humana.

"O estudo do cérebro evoluiu junto com a compreensão da potencialidade humana. Quando falamos em aplicar a neurociência à liderança, falamos em integrar esse conhecimento à tecnologia. A ciência, hoje, exige um diálogo constante com outras áreas do saber, como sociologia, administração e psicologia", destacou Carla.

Pioneira na aplicação da neurociência nos negócios, a neurocientista explicou ainda que, apesar das semelhanças entre o funcionamento do cérebro humano e dos computadores – ambos processam dados e geram respostas –, o cérebro é infinitamente mais complexo, pois envolve conexões emocionais e sociais.

"O vínculo social é o único caminho para lidar com tempos de incerteza. Ao investir em avanços tecnológicos na gestão humana, o líder precisa refletir sobre o ambiente que está criando e as intenções por trás de cada decisão. A tecnologia deve potencializar as relações e não substituir o que nos torna essencialmente humanos", ponderou.

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