Ainda que trabalhem pela manutenção dos empregos, 33% dos transportadores já precisaram realizar demissões devido à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Do total de transportadores que ainda não demitiram (54,3%), 18,1% pretendem realizar cortes. Assim, é possível que, até o final de maio, 42,8% dos transportadores tenham realizado redução nos seus quadros de empregados. Dos transportadores entrevistados que já realizaram demissões, 72,7% demitiram até 49 empregados; outros 11,1% realizaram a demissão de cem ou mais empregados.
Os dados fazem parte da segunda rodada da Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19, que tem foco nas relações trabalhistas, publicada nessa quinta-feira (7). O levantamento foi realizado com 600 empresas de transporte de cargas e de passageiros de todos os modais, entre os dias 20 e 24 de abril. A primeira fase da pesquisa foi divulgada no início de abril.
Veja aqui os resultados da Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19 – Relações Trabalhistas.
De acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte, o cenário de demissões poderia ser ainda pior caso não houvesse as alternativas previstas na medida provisória n.º 936/2020, que prevê a possibilidade de suspensão temporária dos contratos de trabalho e de redução da carga horária com proporcional redução de salário.
Para evitar cortes no quadro de pessoal, dos transportadores entrevistados, 47,5% já suspenderam ou pretender suspender, temporariamente, os contratos de trabalho nos próximos 30 dias. Dos que já suspenderam, 52,5% realizaram a suspensão do contrato de até 49 empregados; e 23,2%, de cem ou mais empregados.
Além disso, 47,9% poderão reduzir a carga horária dos seus empregados até o final de maio. O total de transportadores que já reduziu as jornadas chega a 33,2%. Entre os transportadores que optaram pela redução da jornada de trabalho com proporcional redução salarial, 60,8% decidiram pela redução de 25%; 49,7%, pela redução de 50%; e 30,7%, pela redução de 70%. Essas são as três faixas previstas na MP.
A segunda rodada da pesquisa realizada pela CNT revela um agravamento da crise vivenciada pelas transportadoras, com consequências diretas sobre os empregos. “Apesar de entender a importância das medidas já adotadas para reduzir os impactos da crise, os transportadores acreditam na necessidade da aplicação de medidas de apoio mais consistentes. É fundamental que essas medidas sejam aplicadas a todas as empresas, independentemente de seu porte. Só assim será possível assegurar empregos e manter a operação dos serviços de transporte, essenciais para o abastecimento do país”, destaca Vander Costa, presidente da Confederação Nacional do Transporte.
Confira alguns destaques da segunda rodada da Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19:
DEMISSÕES
- 33% dos transportadores já precisaram realizar demissões
- 42,8% devem realizá-las até o final de maio
- 72,7% das demissões foram de até 49 empregados; 11,1%, de cem ou mais
SUSPENSÃO DE CONTRATOS
- 33% dos transportadores já suspenderam contratos de trabalho temporariamente
- 47,5% devem suspendê-los até o final de maio
- 52,5% das suspensões foram em contrato de até 49 empregados; 23,2%, em contrato de mais de cem empregados
REDUÇÃO DA JORNADA E DO SALÁRIO
- 33,2% dos transportadores optaram pela redução da jornada de trabalho e de salários, proporcionalmente
- 60,8% optaram pela redução de 25%; 49,7%, pela redução de 50%; e 30,7%, pela redução de 70%
- Entre os transportadores que já aplicaram a redução da jornada, 43,2% acreditam na necessidade de realizar novas reduções