Qual sua reação imediata se você, mulher, estiver no trânsito e o carro, de repente, parar? Para a maior parte das casadas, a resposta é: é pedir socorro ao marido, ainda que o automóvel não seja dele. Este é um dos resultados demonstrados num levantamento da empresa de pesquisa Sophia Mind, feito com 963 mulheres em todo o Brasil. O estudo aponta, também, que o conserto mecânico é atribuição de sete em cada dez maridos. Por quê? Porque elas se sentem desconfortáveis com o fato de não entenderem de mecânica, têm medo de ser enganadas e acreditam que o assunto é coisa de homem.

No Distrito Federal encontramos pelo menos uma exceção. A empresária Agda Óliver sabe tudo o que é preciso sobre automóveis. Também não poderia ser diferente: ela é proprietária de uma mecânica que, aliás, tem como foco o público feminino. Mas, para entender o que fez de Agda uma exceção, é preciso conhecer sua história.

Em 2008 ela comprou um carro e levou a uma oficina para trocar o óleo. A surpresa foi que, segundo o mecânico, o veículo precisava de uma série de reparos. “Ele me fez entender que o carro iria explodir comigo na rua, e acabei autorizando o serviço”, relembra. Tudo bem, ela não entendia qualquer coisa do assunto. O serviço foi rápido e, o valor, alto. Mais tarde, numa conversa com amigos, percebeu que havia sido enganada. A relação de serviços tratava de itens que o carro sequer tinha, como filtro de ar condicionado. Foi aí que Agda resolveu mudar de atitude. Hoje, a empresária do ramo tenta estimular que mais e mais mulheres entendam de mecânica, seja por meio do contato com as clientes, seja por meio de palestras que ela ministra voltadas ao público feminino.

Em Ponta Grossa, no Paraná, encontramos mais uma exceção: a instrutora do Sest Senat, Andréa Oliveira, que tem a mesma preocupação de Agda. “Mecânica é assunto de mulher porque elas estão cada vez mais independentes financeiramente, e nem sempre têm alguém que possa ajudar”, diz ela. E complementa: “Quando você entende do assunto, evita de iniciar uma viagem que não chegará ao destino por ter deixado de verificar questões importantes. Você não deixa qualquer mal intencionado enganar você”. Esta é a consciência que Andréa tenta difundir para o público feminino. Em todo mês de março a instrutora dá aulas com lições teóricas e práticas dedicadas exclusivamente para elas.

As lições começam em direção defensiva e segura, passam por direção econômica e terminam em noções básicas de mecânica. Afinal, “no momento em que a mulher é condutora, precisa saber disso”, complementa a instrutora.

Veja dez dicas das especialistas:

- O manual do carro deve ser o livro de bolso da condutora.

- Faça uma lista de itens que devem ser verificados semanalmente e antes de qualquer viagem: água, óleo do motor, óleo hidráulico (no caso da direção hidráulica) e luzes. A troca de óleo, fluidos e óleo hidráulico deve seguir o que indica o fabricante.

- A calibragem dos pneus também deve ser feita uma vez por semana, seguindo o que recomenda o fabricante e de acordo com a capacidade de lotação do veículo.

- Previna-se: verifique se o estepe também foi calibrado e se todos os equipamentos de sinalização e acessórios para troca de pneu estão em perfeito estado e disponíveis.  

- Lembre que a revisão deve ser feita a cada dez mil quilômetros rodados ou ano de uso, conforme determina o fabricante.

- Fique atenta para a revisão de itens que desgastam, como pastilhas e lona de freio, pneus, embreagem (disco, rolamento e platô).

- A verificação do óleo e da água deve ser feita com o motor frio e em linha reta. Portanto, não deve ser quando você leva o carro para abastecer. Atenção à recomendação do fabricante: alguns indicam a troca a cada seis meses. 

- Se o carro tem injeção eletrônica e está apagando, pode ser necessária limpeza dos bicos injetores, que por vezes entopem devido aos resíduos após a queima do combustível.

- Para economizar combustível, aprenda a dirigir no giro certo. A recomendação vem do fabricante, mas geralmente é de dois a três mil giros. Se você exigir mais do carro, maior é o consumo.

- Em viagens mantenha velocidade constante, reduzindo a pressão sobre o acelerador. Isso também ajuda a poupar combustível. O ponto neutro não gera economia significativa e causa prejuízos ao veículo além de colocar em risco a segurança dos passageiros. 

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