O transporte responde, anualmente, por 200 milhões de toneladas de emissões de gases do efeito estufa no Brasil. Esse cenário já preocupa os consumidores e há pressão social para a redução delas. Tal realidade, no entanto, seria uma espécie de efeito colateral de uma atividade econômica valiosa e essencial.
Por esse motivo, o transporte “não deixará de poluir, mas pode adotar medidas para a redução das emissões de carbono e de compensações”. Essa é a avaliação de Karl Schmedders, professor do IMD (International Institute for Management Development), durante o segundo dia do programa acadêmico da Missão Internacional do Transporte – Singapura 2023, nessa terça-feira (14). Ficou a cargo dele aportar importantes insumos a respeito do ESG (ambiental, social e governança) no transporte.
Focado no aspecto ambiental, Schmedders, de maneira pragmática, traçou um panorama sobre a questão das mudanças climáticas hoje, no mundo. Segundo ele, há enorme consenso científico sobre as alterações climáticas provocadas pelo homem:
À luz desse “senso comum”, Karl Schmedders instou os participantes da Missão Internacional do Transporte a refletirem sobre como as mudanças climáticas afetam as suas empresas; de que maneira elas são impactadas pelas regulamentações ambientais; ou se, até agora, ignoraram as preocupações climáticas. Aqui, algumas das indagações e conclusões dessa discussão:
No mundo, atualmente, há diversas discussões sobre precificação do mercado de carbono. O professor Karl Schmedders explica que, em geral, esses debates envolvem dois modelos possíveis: tributação sobre emissões de carbono ou ETS —também conhecidos como Sistemas de Comércio de Emissões. Nesse caso, as empresas negociam "direitos de emissão" que permitem emitir uma tonelada de CO2e.
Segundo o professor Karr, uma autoridade central, geralmente um governo – regional, nacional ou supranacional – determina um máximo ou um limite absoluto de emissões dentro do ETS e os direitos de emissão são distribuídos entre os setores empresariais cobertos, geralmente de maneira gratuita ou por meio de leilões, pela quantidade de emissões equivalente ao limite.
Fora do campus do IMD, a delegação de empresários brasileiros realizou visita técnica ao SMRT Corporation Ltd., provedora de serviços de transporte público de Singapura. De acordo com Tan Kuan PENG, presidente de engenharia do SMRT, o principal negócio da empresa é gerenciar e operar serviços ferroviários.
“Isso é complementado pelos nossos serviços de ônibus, táxi e aluguel de veículos particulares. A SMRT está comprometida em fornecer um serviço seguro, confiável e confortável para nossos passageiros.”
Por dia, são mais de 2 milhões (40% da população) de singapurenses que utilizam os trens dessa empresa, que também dispõe de linhas de ônibus e soluções de transporte individual. Atuando com subsídios governamentais para operar, a empresa se vale da inteligência artificial, da tecnologia e de um vasto banco de dados para oferecer melhores serviços e diferentes soluções e segurança aos clientes.
Como seu braço tecnológico, Strides, um dos primeiros operadores mundiais de redes ferroviária, o SMRT foi um dos pioneiros na criação de sistemas sem condutor, fazendo a transição de uma tecnologia para outra, implementando extensões plurianuais que interligam e integram infraestruturas, sistemas e operações verdes e castanhas, com impacto mínimo às operações e às viagens suburbanas.
Organizada pelo Sistema Transporte (CNT, SEST SENAT e ITL), a Missão Internacional de Singapura possibilita que, até o próximo dia 18 de novembro, uma delegação de empresários e gestores das maiores empresas de transporte do Brasil frequente o campus do IMD em Singapura, bem como realize visitas estratégicas a empresas e órgãos singapurenses.