Segundo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), um relatório de informações socioeconômicas solicitado pelo Ministério do Trabalho brasileiro, as parcelas de mulheres de 30 a 49 anos ocupando cargos de gerência e diretoria no setor formal aumentaram de 32,3% e 31,9%, respectivamente, em 2003 para 39,2% e 42,4% em 2017. Além disso, o Índice de Igualdade de Gênero (GEI, de Bloomberg Gender-Equality Index, em inglês) de 2020 mostrou que, das 325 empresas pesquisadas, 39% tem metas públicas para aumentar a liderança feminina.
No TRC (transporte rodoviário de cargas), essa evolução também tem sido perceptível. De acordo com a diretora-executiva da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Edmara Claudino, a ascensão das mulheres no setor, ainda que de forma lenta, é gradual. “Percebemos inovações com a chegada das mulheres, isso é muito importante. Vejo também que, em outras áreas, a mulher tem ganhado seu espaço: temos bons exemplos na política, como as ministras da Agricultura e do Supremo Tribunal Federal, e tivemos recentemente a primeira mulher a ocupar o Tribunal Superior do Trabalho. É assim que conseguiremos nosso espaço, mostrando trabalho e competência. Essa divergência de gênero não deve mais existir”.
A Comjovem (Comissão de Jovens Empresários) da NTC&Logística, que tem como objetivo integrar e capacitar os jovens empresários e executivos do setor para que futuramente liderem as empresas de suas famílias, apresentou recentemente um balanço com dados importantes. Dos 37 núcleos (grupos estaduais ou municipais do setor) que fazem parte da comissão, 16 (43,1%) já contaram com uma mulher à frente da coordenação. Durante os 12 anos de história da Comjovem, 33 mulheres foram coordenadoras de seus núcleos. Em 2020, sete mulheres são coordenadoras (33%), enquanto 16 marcam presença na vice-coordenação (76,1%).
Para a vice-coordenadora nacional da Comjovem, Joyce Bessa, “o mundo está se transformando e acreditando cada vez mais na diversidade. Ainda existe uma grande estrada a percorrer pela paridade de gênero no local de trabalho, mas acredito que a inclusão de mulheres na liderança do TRC já é uma realidade”.
O Conet&Intersindical (Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado) é um dos principais eventos realizados pela NTC&Logística e reúne empresários e lideranças do transporte para debates, análises e divulgações de estudos. Em sua primeira edição de 2020, o público acostumado com a maior representação masculina pode perceber uma forte participação feminina. A assessora jurídica da NTC, Gildete Menezes, foi responsável por apresentar o Relatório de Providências, documento extremamente relevante para os empresários do setor. O levantamento mostra como o mercado reagiu e foi influenciado pela pesquisa de defasagem de frete realizada pelo Decope/NTC (Departamento de Estudos Econômicos e Custos Operacionais da Associação Nacional do Transporte de Cargas) e apresentada na edição anterior do Congresso. “O segmento de transporte ainda é majoritariamente masculino, mas vejo uma mudança muito boa acontecendo. Quando olhamos as mulheres em posição de destaque na participação em diversas entidades do TRC, nas áreas comerciais e operacionais das empresas com poder de decisão, percebemos que o gênero não deveria ser motivo de distinção”, defende Menezes.
A ex-coordenadora nacional da Comjovem e primeira presidente-executiva do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes do Estado de São Paulo), Ana Carolina Jarrouge, apresentou um painel completo onde exibiu a propostas de interesse do setor. “A presença feminina no transporte rodoviário de cargas, como em qualquer segmento econômico, traz isonomia e igualdade de oportunidades, dando condições para que as mulheres possam demostrar como são capazes e comprometidas e que podem, sim, comandar, liderar e conduzir qualquer tipo de negócio, organização e entidade. Espero servir de inspiração para muitas delas no que diz respeito a presença e a liderança feminina dentro de entidades representativas”, comenta Jarrouge.
Ainda durante o Conet, Bárbara Calderani, vice-coordenadora do Núcleo da Comjovem, apresentou as ações do instituto de desenvolvimento mercadológico da entidade para a recuperação tarifária do TRC. “As participações de Gildete Menezes e de Ana Carolina, além da minha, deixaram clara a capacitação técnica, profissional e engajada das mulheres nesse setor. É extremamente recompensador estar entre as protagonistas femininas iniciando esse movimento profissional e definitivo”, completa Bárbara.
As vantagens da inclusão e da diversidade para as empresas e entidades representativas são cada vez mais claras. O estudo sobre diversidade de gênero desenvolvido pela consultoria americana McKinsey, líder mundial neste segmento empresarial, destaca que ter mulheres em cargos de liderança ajuda as empresas a aumentarem sua rentabilidade em até 50%.
“Andamos alguns quilômetros neste quesito e com certeza percorreremos ainda mais, diversificando o setor, trazendo melhorias e novas visões para o transporte rodoviário de cargas”, finaliza Joyce.
Fonte: NTC&Logística
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