Um grupo de alunos da Certificação Internacional Aviation Management propõe procedimentos que podem modificar a rotina — a eficiência — de um dos mais importantes aeroportos do país. As inovações constam no Projeto Aplicativo apresentado na conclusão do curso coordenado pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística), promovido pelo SEST SENAT e ministrado pela Embry-Riddle Aeronautical University.
Todos profissionais do setor aéreo, os formandos Daniel Melo, Fernando Izzi, Luis Spanner, Marcio de Melo, Pablo DeZontini e Raquel Puglia se debruçaram sobre a atual configuração do Aeroporto de Congonhas (CGH), em São Paulo. A partir de dados históricos, simulações computacionais e projeções de tráfego aéreo, eles apontam que é possível obter ganhos operacionais sem a necessidade de investimentos expressivos em novas obras e sem comprometer a segurança e a regularidade dos voos.
De forma muito resumida, a análise conduziu a um cenário ideal (Cenário 2), em que a máxima eficiência seria alcançada ao aumentar os atuais 55 movimentos por hora para 59, equilibrando as operações comerciais e executivas do CGH (veja box). Desse modo, “surgem” quatro slots (janela de tempo em que uma aeronave pode pousar ou decolar) extras por hora para aviação geral. Com isso, é esperado um acréscimo de 4,5 milhões de passageiros por ano.
Em comparação com o Cenário 1 (que previa exclusividade para voos comerciais), o Cenário 2 se destaca, ainda, pelo impacto financeiro. De acordo com a administradora do aeroporto, a Aena Brasil (Aeroportos Nordeste do Brasil S.A.), a mudança tem potencial para aumentar a receita anual em até R$ 212,6 milhões, com um ganho acumulado de, aproximadamente, R$ 850 milhões até 2031, se o modelo fosse implementado hoje. Já para os usuários, o fluxo aumentado tende a se reverter em tarifas mais competitivas.
O estudo recomenda um conjunto de ações estratégicas a serem adotadas pela concessionária, pelas empresas aéreas e, também, pelos órgãos reguladores. A adoção do Cenário 2 pressupõe, ainda, a construção de uma pista de saída rápida para a atual pista 35L, facilitando a liberação da área.
Cabem aperfeiçoamentos na gestão do pátio e dos slots operacionais, o que otimizaria o fluxo de aeronaves. Outra ação essencial seria a revisão do Plano Diretor do Aeroporto de Congonhas, dado o crescimento da demanda e a necessidade de ajustes na infraestrutura. Por fim, o investimento em novas tecnologias de controle de tráfego aéreo pode contribuir para o aumento da eficiência operacional.
Os desafios para a implementação incluem alinhamento entre as partes envolvidas, adequação operacional e investimentos em infraestrutura complementar. No entanto, os benefícios projetados, tanto em eficiência quanto em rentabilidade, indicam que a adoção das mudanças é uma alternativa promissora para fortalecer a posição de Congonhas no cenário nacional.
A certificação está com inscrições abertas. Saiba detalhes do curso e como se inscrever no site do ITL.
Acesse a íntegra do projeto no Repositório Digital do Transporte.
Localizado em São Paulo, o Aeroporto de Congonhas é um dos terminais mais movimentados do país, operando exclusivamente voos domésticos e servindo como um dos principais eixos da aviação comercial. Em 2023, registrou mais de 22 milhões de passageiros e 232 mil movimentos de aeronaves, consolidando-se como um hub essencial para companhias aéreas e passageiros.
Entretanto, sua infraestrutura está próxima do limite da capacidade operacional. O aeroporto conta com duas pistas paralelas dependentes, impedindo pousos simultâneos e restringindo a flexibilidade no fluxo de aeronaves. Além disso, o número de slots é rigorosamente gerenciado, o que desafia a expansão significativa da malha aérea.
Com a concessão do aeroporto para a Aena Brasil, em 2022, esperava-se uma modernização dos processos e da infraestrutura. No entanto, a expansão física das pistas apresenta desafios devido a restrições urbanísticas e ambientais. Sendo assim, a solução mais viável envolve a otimização do uso da infraestrutura existente