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O aguardado Porto de Potengi, no Rio Grande do Norte, pode finalmente sair do papel. Um estudo realizado pela DUX Consultoria em Transportes demonstrou a viabilidade técnica do projeto, que pretende se consolidar como uma alternativa viável para desafogar o Porto de Natal.

A apresentação foi realizada na segunda-feira (6) pelo engenheiro de transporte Carlos Alberto Nóbrega, sócio da consultoria responsável pelo material, durante o Fórum CNT de Debates – Edição Regional. Em sua fala, o especialista fez uma análise sob o aspecto da demanda, dos impactos ambientais e da sua viabilidade técnica.

Segundo Nóbrega, o estudo contemplou a capacidade de movimentação de cargas de vários tipos:

  1. frutas, na modalidade exportação;
  2. minério de ferro, também na exportação;
  3. cargas conteinerizadas, tanto para importação quanto para exportação;
  4. painéis solares, na importação; e
  5. sal beneficiado, na cabotagem.

“Para sair do papel, contudo, é necessário considerar algumas premissas. A área do porto é circundada por um parque ecológico, então é necessário um cuidado especial para evitar a interferência em áreas de manguezal e na atividade de dragagem”, explicou.

O responsável pelo estudo também enfatizou a necessidade de ajustes na estrutura já existente, como a proteção dos pilares da ponte Newton Navarro e a sinalização marítima. Carlos Alberto pediu às autoridades que se atentem para a necessidade de construção e adaptação dos acessos ferroviários e rodoviários da região, evitando, assim, transtorno no entorno do futuro porto.

Histórico do Porto de Potengi

O levantamento foi encomendado pela CNT, mas o tema já é de interesse da população local há tempos. O ex-senador Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobras, é um dos defensores da construção, por entender se tratar de um projeto com impacto no desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Na época, o ex-parlamentar classificou a estrutura como o melhor “caminho para a integração logística intermodal”.

Potengi fica na margem aposta do rio onde está instalado o atual Porto de Natal. Embora seja o terminal mais próximo da capital, ele é considerado subutilizado, principalmente quando comparado ao movimentado Porto de Areia Branca, o principal do Rio Grande do Norte.

Também participaram o diretor-presidente do CERNE (Centro de Estratégia em Recursos Naturais e Energia), Darlan Santos, e o diretor-presidente da CODERN (Companhia Docas do Rio Grande do Norte), Estéferson Ubarana Gomes da Silva. Ambos trouxeram seus relatos e expectativas sobre a otimização do setor transportador estadual.

“Este é só o primeiro de vários grandes passos. Ainda temos que providenciar outros estudos de impacto no trânsito da região e analisar todas as melhorias estruturais necessárias para se erguer o porto naquela região”, explicou Darlan Santos.

O evento foi realizado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) em parceria com a Fetronor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste) e com o CRNE II (Conselho Regional Nordeste II) do SEST SENAT. O foco é reunir empresários do setor, especialistas e autoridades para debater assuntos de grande impacto no transporte regional.

Infraestrutura e multimodalidade: desafios e oportunidades para os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba

Durante o Fórum, um painel inteiro foi dedicado a debates sobre desafios e oportunidades na infraestrutura logística de transportes no Rio Grande do Norte e na Paraíba. A apresentação ficou por conta da diretora executiva adjunta da CNT, Fernanda Rezende, que trouxe um conjunto de dados sobre o transporte na região.

Um dos números mais curiosos demonstrados vem da Pesquisa CNT de Rodovias 2022 sobre as estradas do Rio Grande do Norte. O resultado da Pesquisa CNT de Rodovias mostrou que 64,5% da extensão total pesquisada no estado estão em condição regular, ruim ou péssimo.  Ao fazer a segmentação por jurisdição, tem-se que 56,4% das rodovias pesquisas sob jurisdição federal estão em estado regular, ruim ou péssimo. Já 100% das rodovias sob jurisdição estadual foram avaliadas como ruins ou péssimas.

“O baixo volume de investimentos em infraestrutura de transporte é uma das causas para dados tão desfavoráveis. Em 1975, mais de 1,8% do PIB brasileiro era destinado ao transporte. Neste ano, o percentual ficou em apenas 0,09%”, ressaltou a diretora adjunta da CNT.

O secretário de Infraestrutura do Rio Grande do Norte, Gustavo Rosado, usou sua fala como uma espécie de prestação de contas do que já foi feito e uma projeção do que vem por aí. Ele admitiu falta de investimentos em praticamente todos os modais no passado, mas garantiu que recursos serão liberados nos próximos anos.

“Um dos modais mais esquecidos é o ferroviário. Estamos trabalhando para recuperar estradas de ferro e construir novas, principalmente para auxiliar no escoamento da produção do interior do estado para os portos”, justificou o secretário.

O presidente da Fetranslog (Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste), José Arlan Silva Rodrigues, apresentou o ponto de vista dos empreendedores regionais, com algumas provocações.

“Precisamos aproveitar este momento de novos governos para aproximar o empresário dos políticos. O transportador precisa ser ouvido, pois é ele quem está lidando diariamente com os problemas da infraestrutura do transporte”, pediu o empresário.

Fórum CNT de Debates – Edição Regional

O Fórum CNT de Debates foi realizado na segunda-feira (6), na unidade do SEST SENAT de Natal, no Rio Grande do Norte. O encontro contou com a presença de integrantes do Sistema Transporte, autoridades regionais, especialistas e empresários da região abrangida pelo CRNE II.

Para 2024, estão previstas outras edições regionais em várias partes do país. O objetivo é estreitar a relação entre o setor transportador e as autoridades na busca por um cenário mais favorável para o desenvolvimento social e econômico permeado pelo transporte.

Confira também a matéria que trata sobre a abertura e os outros painéis do Fórum CNT de Debates Edição Regional. 

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