O desenvolvimento da economia nos países está diretamente relacionado à disponibilidade de água. O alerta é feito pela ONU (Organização das Nações Unidas), no novo Relatório Mundial para o Desenvolvimento de Recursos Hídricos, divulgado nesta terça-feira (22), Dia Mundial da Água. Conforme o documento, 78% dos empregos que compõem a força de trabalho no mundo dependem de recursos hídricos.

O documento diz que 42% dos postos de trabalho estão em setores altamente dependentes da água, como agricultura, indústria, silvicultura, pesca, aquicultura e mineração. Outros 36% têm dependência moderada, como em transporte, construção e recreação. Assim, sem fornecimento de água seguro para os setores, a consequência será, conforme o relatório, o desaparecimento de empregos e a limitação do crescimento econômico.

De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Civil e Meio Ambiente da UnB (Universidade de Brasília) Oscar Cordeiro Netto, diante disso, é necessário que se pense a gestão dos recursos hídricos de maneira integrada. “O mesmo rio que vai abastecer o agricultor, é o que vai permitir a navegação, a geração de energia, a produção de peixes, o abastecimento da cidade”, diz ele.

Estiagem já causou demissões no transporte 

Entre 2014 e 2016, o setor do transporte sofreu diretamente os impactos da escassez de água. A hidrovia Tietê-Paraná, uma das mais importantes para o escoamento da produção agrícola brasileira, ficou paralisada por 20 meses, e voltou a funcionar somente em 27 de janeiro deste ano. Cerca de 1,6 mil pessoas perderam o emprego e o prejuízo estimado foi de R$ 1 bilhão.  

Isso ocorreu porque, com a estiagem, especialmente na região Sudeste do Brasil, o nível dos rios baixou. Além disso, a água foi destinada, prioritariamente, para a geração de energia elétrica para o estado de São Paulo, inviabilizando a navegação na hidrovia. O resultado foi a suspensão das operações de terminais e de embarcações, redução dos serviços nos estaleiros que fazem manutenção e construção naval e cargas que tiveram que ser transportadas por outros modais.

A Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e entidades do setor defendem que se respeite o uso múltiplo das águas e que, assim, todos os envolvidos possam participar da tomada de decisões junto à ANA (Agência Nacional de Águas).

O professor Oscar Cordeiro Netto lembra que a Lei de Águas reconhece que o problema é coletivo e, assim, a gestão dos recursos hídricos deve ser tripartite, envolvendo poder público, sociedade civil organizada e setor produtivo. No entanto, avalia que os segmentos sociais ainda tratam do tema de forma compartimentada. “Cada um pensa na sua caixinha. Isso tem que mudar”, destaca. Além disso, defende que o poder público adote medidas para provocar uma participação mais intensa das comunidades e dos setores produtivos na definição das políticas relacionadas à água. 

Saiba mais:

Setor do transporte investe mais para racionalizar uso da água

?Água deve estar no topo da agenda política, defende especialista?

Aeroportos mudam gestão da água e reduzem consumo em até 60%?

CNT - Confederação Nacional do Transporte

SAUS Q.1 - Bloco J - Entradas 10 e 20
Ed. Clésio Andrade - CEP: 70070-944 - Brasília - DF
Fale Conosco: (61) 2196 5700

©2023 - Confederação Nacional do Transporte