Nesta quarta-feira (1º), a primeira faixa de pedestres de Brasília (DF) completa 18 anos. A sinalização foi adotada inicialmente em 1997, próxima a uma escola na quadra 307/308 Sul, como forma de reduzir a quantidade de atropelamentos. O aniversário comemora o que se tornou um símbolo da civilidade no trânsito na capital do Brasil.
Ao longo dessas quase duas décadas, foram desenvolvidas campanhas de conscientização dos motoristas sobre a necessidade de parar na faixa, e dos pedestres, orientados a fazerem o chamado “sinal de vida” antes de iniciarem a travessia em pontos sem semáforos. Assim, ao aproximarem-se da faixa, devem erguer o braço como forma de chamar a atenção dos condutores para a sua presença. Esses comportamentos acabaram por se tornar hábito para a grande maioria da população.
O exemplo de Brasília serviu como referência para um projeto de lei, que tramita no Congresso Nacional, que propõe uma alteração no CTB (Código de Trânsito Brasileiro) para que todas as pessoas façam o gesto com o braço a fim de solicitar a parada dos veículos antes de cruzar a pista. A ideia é ampliar o comportamento a todas as cidades brasileiras.
Em entrevista à Agência CNT de Notícias, o diretor-geral do Detran-DF (Departamento de Trânsito do Distrito Federal), Jayme Amorim, falou sobre o desafio de manter esse tipo de comportamento e fortalecer o respeito à faixa de pedestres. Isso porque o número de atropelamentos com vítimas fatais nessas travessias cresceu entre 2013 e 2014.
Que balanço o Detran faz desses 18 anos, entre a primeira faixa de pedestres implantada em Brasília e o sinal de vida já usado em larga escala por quem vive no Distrito Federal?
A faixa de pedestres estava prevista no Código Nacional de Trânsito de 1966. Acontece que, em 1997, foi implantada a primeira faixa de pedestres e o Detran decidiu, em parceria com a Polícia Militar, fazer uma campanha para que as pessoas respeitassem, realmente, a faixa. Nesse período, nós temos percebido que a sociedade de Brasília se orgulha muito disso e tem sido uma marca da cidade: o respeito à faixa de pedestres.
O que motivou a capital do país a voltar sua atenção para esse tema?
À época, havia um número de acidentes considerável e estávamos na iminência da aprovação do novo Código de Trânsito Brasileiro, votado em setembro de 1997 e que entrou em vigor em janeiro de 1998. Então, esse cenário proporcionou que pudéssemos cobrar o respeito à faixa, e a população participou disso.
Como foi adotado o gesto de o pedestre estender o braço antes de realizar a travessia na faixa?
A esse gesto nós damos o nome de “sinal de vida”. É uma forma de os pedestres indicarem aos condutores que eles têm a intenção de realizar a travessia na faixa, e o condutor vai parar o veículo para que o pedestre possa fazer isso com segurança. Exceto nos locais em que há semáforos, já que, segundo o CTB, é ele que tem prioridade sobre as outras sinalizações de trânsito. O “sinal de vida” não foi adotado de imediato. Isso surgiu ao longo dos anos, como forma de aprimorar a conscientização sobre a necessidade de parar na faixa.
É um desafio manter esse comportamento como algo comum entre os motoristas? Especialmente considerando que Brasília é uma cidade que atrai muitas pessoas de todas as regiões do Brasil para viver?
Como isso é algo muito enraizado no brasiliense e já se tornou notícia nacional, nós quase não percebemos dificuldade de adaptação da parte dos motoristas que vêm de fora. Além disso, o Detran tem realizado campanhas educativas, especialmente em locais onde se percebe alguma indicação de maior desrespeito à faixa. Neste ano, realizamos mais de 20 ações voltadas ao respeito à faixa de pedestres, sempre alertando que ela é um local seguro para a travessia.
Ao longo dos anos, a iniciativa permitiu a redução no número de acidentes?
Sim, ao longo desse período houve redução. Em 2014, infelizmente, foram registradas sete mortes por atropelamento na faixa [em 2013, foi registrado um caso]. Assim, o Detran tem como objetivo intensificar a fiscalização e as campanhas educativas, para que condutores e pedestres estejam sempre conscientes de seus direitos e deveres nas vias públicas. Tanto que, somente nos três primeiros meses do ano, já autuamos 2.318 condutores por inobservância do artigo 214 do Código de Trânsito. [O item prevê como infração gravíssima deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não motorizado em faixa a ele destinada; que não concluiu a travessia, mesmo com sinal verde para o veículo.