Embora pouco conhecida e mais comum em Estados banhados por oceanos ou por onde passam rios e há lagos, o Brasil possui uma tecnologia de aviação que foge do tradicional modelo destinado ao transporte regular de passageiros: hidroaviões e aviões anfíbios. São aeronaves que podem pousar na água ou na terra e que possuem finalidade turística, recreativa e até mesmo científica.
Os hidroaviões são de pequeno porte e só decolam e pousam na água. Geralmente, têm capacidade para até duas pessoas. Já os anfíbios são maiores e podem decolar e pousar tanto na água como na terra. Podem ter capacidade para até 14 pessoas, porém, o mais comum é comportarem o piloto e mais três ou quatro passageiros.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) contabiliza 176 aviões com essas características no país, sendo que os anfíbios são minoria. A maior parte são hidroaviões ultraleves de até 700 kg adaptados para a água. Segundo a agência, os Estados com maior número desse tipo de aeronave são, na ordem, São Paulo (SP), Amazonas (AM), Paraná (PR), Minas Gerais (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
A principal peculiaridade do hidroavião é possuir um equipamento chamado flutuador – espécie de casco na parte inferior que boia na água e permite o pouso. Além disso, pode ser monomotor ou multimotor e possui uma hélice que dá o impulso para que ele decole e se mantenha voando. A altitude alcançada pelos aviões varia: um ultraleve chega a 14 mil pés (cerca de 4.000 metros) de altura. Já o anfíbio alcança 8.000 metros. Para se ter uma ideia, o avião comercial pode chegar a 12 mil metros.
Os hidroaviões e os anfíbios têm autonomia de até cinco horas. A velocidade varia. Enquanto os hidroaviões chegam a 130 km/h, os anfíbios alcançam 180 km/h. O custo de um hidroavião varia entre R$ 150 mil e R$ 350 mil. Já o anfíbio é bem mais caro, podendo chegar a R$ 2 milhões.
Outra característica dos aviões é o fato de serem planadores, ou seja, em caso de pane, continuam voando, embora corram o risco de serem danificados no momento do pouso. “A aterrissagem é sempre mais difícil que a decolagem. A água sofre influência da correnteza e do vento e, no momento do pouso, não é possível saber como ela está. Esse tipo de voo requer muita experiência”, afirma Luiz Alberto Dias, representante e piloto de testes da Starfox, fabricante de hidroaviões ultraleves no Brasil.
Ele e o amigo Arnud Pierre fizeram uma viagem a bordo de um avião anfíbio do Rio de Janeiro ao Pantanal, em 2011. Foram 20 horas para ir, outras 20 horas para voltar e mais cinco dias sobrevoando a região. “Fazíamos três voos por dia com pausas para abastecer”, lembra o empresário. Hidroaviões são movidos a gasolina de aviação, embora alguns anfíbios também usem o QAV (querosene de aviação).
Pierre já era piloto quando decidiu comprar um ultraleve por lazer. O argumento é de que eles voam mais devagar que os anfíbios, além de serem feitos para voos às margens dos oceanos. Ele costuma sobrevoar Jacarepaguá e a costa verde do Rio de Janeiro, em locais como Ilha Grande e Angra dos Reis. “A água me dá a possibilidade de pousar em lugar perdido, o que me agrada. Já na terra, necessariamente tenho que pousar na pista com autorização de voo”, explica, ao dizer que já planeja a próxima viagem para Fernando de Noronha. Quando não estão em uso, os hidroaviões ficam guardados em hangares, onde recebem a devida manutenção. Todas as vezes que essas aeronaves pousam na água salgada ou doce, necessitam ser lavadas e lubrificadas. A regra vale, sobretudo, para as partes que entraram em contato com a água.
De acordo com a Anac, para pilotar aeronave anfíbia ou hidroavião é necessário ter licença na categoria avião, além de habilitação de classe de hidroaviões ou anfíbios monomotores ou hidroaviões ou anfíbios multimotores.
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