Um dos momentos mais instigantes, até o momento, da imersão proporcionada pelo Sistema Transporte na Suécia foi o workshop ocorrido no Museu Vasa. Nesse espaço, os empresários do setor de transporte visitaram um navio de guerra do século 17 que, de forma surpreendente, ajuda a entender problemas de gestão contemporâneos.
Em resumo, a embarcação naufragou no que deveria ser o seu batismo, diante de ilustres convidados e do próprio rei da Suécia, Gustavo II Adolfo. Um inquérito foi instaurado, mas nunca se chegou a uma responsabilização. Na verdade, houve uma sequência de equívocos, que vão desde a escolha das madeiras ao formato do casco, passando pelo excesso de ornamentos. O navio foi montado sem projeto, com base no conhecimento empírico de um mestre especialista, que faleceu antes do término da construção. Para completar, os operários eram de variadas nacionalidades e não compreendiam bem as ordens.
Essa história foi recontada pelo professor Mattia Bianchi, da Stockholm School of Economics (SSE), que propôs uma reflexão sobre como o gerenciamento de processos linear de resolução de problemas pode fracassar em condições de alta incerteza. Para o acadêmico, em um projeto, mais vale a disposição em fazer muitos testes do que apegar-se a conceitos, sobretudo, se eles conduzem a tomadas de decisão precipitadas. O contra-exemplo que ele deu foi o avião construído pelos irmãos Wright, que alcançou voo após centenas de pequenos ajustes.
Igualmente interessante foi a dinâmica conduzida pela professora associada da SSE, Frida Pemer, que trabalhou com os conceitos de dilema, paradoxo e reformulação (reframing). No dilema, costuma-se sopesar as vantagens e as desvantagens das alternativas. Uma escolha anula a outra. Já o paradoxo envolve polos, com valores contrários, mas ambos podem ser válidos.
A reformulação é uma forma de sair de impasses. E foi justamente isso que, em grupos, os participantes tiveram de exercitar, a partir de dilemas reais enfrentados pelo setor de transporte — por exemplo, “transição energética vs. custo elevado para a renovação de frota”. Para isso, eles usaram o “Método 4R”, que consiste em: reconhecer diferentes perspectivas (recognize); aprender com a perspectiva do outro (respect); reconciliar os dilemas resultantes da colisão entre diferenças (reconcile); e, com base no diálogo, implementar as soluções (realize). Os resultados alcançados surpreenderam o grupo.
A programação da Missão Internacional do Transporte – Suécia 2024 continua até sexta-feira (26).
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